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segunda-feira, 18 de abril de 2022

A sombria história dos Monstros de Duelo em Yu-Gi-Oh

 Eu acho que assisti Yu-Gi-Oh! errado minha vida inteira. Demorei muito tempo pra perceber toda a história que existe por trás daquele jogo de cartas e nem foi assistindo, foi por pesquisas por fora. Então fiquei me perguntando: isso é mesmo apresentado na obra? Com certeza deve ter sido, mas eu só queria ver monstros brigando. Caso você tenha sido igual a mim, essa postagem é para você descobrir a história sombria por trás de cartinhas e monstros.


A origem desse post vem de uma curiosidade que publiquei no Instagram da página, justamente contando que a versão do mangá de Yu-Gi-Oh! é bem mais sombria. Então antes de postar fui checar do que se tratava e encontrei bastante coisa. Por isso vou pontuar quando o anime divergiu ou aliviou a versão original.

Tudo começa no Egito Antigo cerca de 3 mil anos atrás. O faraó Aknamkanon (ou Akhenamkhanen na versão japonesa) tinha que lidar com muitas invasões de povos vizinhos, então ordenou que seus magos (liderados por seu irmão Aknadin) tomassem alguma providências. Eles recorreram ao livro mágico chamado de Livro do Milênio, onde encontraram uma magia muito poderosa, mas que precisava de um grande sacrifício. Dispostos a seguir a ordem do faraó, os magos fizeram a magia e não contaram a ele qual foi o preço a pagar. Aliás, nem o anime contou, para suavizar a história eles eliminaram o que veio a seguir. Para o feitiço acontecer era preciso o sacrifício de 99 humanos e Aknadin escolheu massacrar uma pequena aldeia chamada Kul Elna, conhecida nos boatos por ser um antro de criminosos (por isso foi escolhida).

Com o sacrifício das 99 almas, o feitiço funcionou e foram criados os Itens do Milênio: sete artefatos mágicos capazes de invocar e controlar monstros. Além disso, eles permitem pequenos atos de magia como ficar invisível, colocar pessoas para dormir, visão além do alcance e muito mais.


Para falar sobre os monstros vamos dar uma pausa na história e falar sobre um pouco do mundo sobrenatural de Yu-Gi-Oh!. Segundo os antigos egípcios (na obra), as pessoas tinham a alma dividida em duas partes: Ka e Ba. O Ba é a essência da pessoa e sempre está no seu corpo, ligada com a mente. Já o Ka pode ser manifestado para fora do corpo, onde se torna um espírito sobrenatural, alguns desses espíritos podem se tornar os monstros. Então, basicamente, os monstros de duelo são o Ka de seres humanos. E uma única pessoa pode liberar mais de um Ka diferente.


O que os magos egípcios faziam era tirar o Ka de diversas pessoas para aprisioná-los em tábuas sagradas. Como faziam isso principalmente com criminosos (que tinham a alma má), os espíritos eram necessariamente maus, gerando monstruosidades violentas e combativas. Os magos descobriram que era preciso usar o Ba para controlar os espíritos e pessoas com Ba muito forte conseguiam controlar os Ka mais fortes. Houve até um ponto onde funcionários do faraó saíam pelas aldeias inspecionando pessoas em busca de Ka poderosos.

Voltando à história, como os Itens do Milênio eram muito poderosos, o faraó decidiu ficar com apenas um, chamado de Pingente do Milênio, que ficava pendurado em seu pescoço. Os outros seis itens foram divididos entre seus sacerdotes mais fiéis, os Guardiões Sagrados. Com o poder desses artefatos logo acabaram as guerras. Chegou um ponto em que eram usados apenas para recreação e daí surgiram os Jogos das Sombras.


Um Jogo das Sombras era realizado entre duas pessoas que usavam o seu Ba para controlar os espíritos e colocá-los para brigar. Normalmente eram feitos outros feitiços, como um que os levava para outra dimensão onde poderiam lutar sem interrupções. Ah, e eles usavam os espíritos que tinham sido selados nas tábuas sagradas (guarde essa informação, caso você ainda não tenha pego a referência futura). Os melhores jogadores eram aqueles que tinham um Ba mais forte ou que usavam os Itens do Milênio para ampliar seu poder.

Existia ainda a possibilidade do Jogo das Sombras usar uma penalidade e é aqui que as coisas ficam mais sombrias. As penalidades eram consequências aplicadas no perdedor do duelo e poderiam variar entre todo tipo de punição, desde algumas que são só engraçadas até trágicas, como a morte.

Depois que o faraó morreu, seu Pingente do Milênio foi para seu filho, o novo faraó Atem. Ele continuou com os jogos, mas precisou encarar um novo inimigo: o único sobrevivente de Kul Elna, o líder dos bandidos Bakura. Bakura aprendeu a dominar os espíritos sem itens do milênio e atacou a corte, porém Atem e seus sacerdotes conseguiram pará-lo.

Bakura vs Atem e Guardiões Sagrados

Os nomes estão começando a ficar familiares, então vou só explicar um detalhe prévio. Os magos egípcios descobriram também que era possível misturar o Ka com o Ba. A pessoa que faz isso morre, mas toda sua memória e consciência vão parar no espírito que surge a partir disso, o que normalmente gera um monstro bem especial e poderoso. Vimos isso acontecer no confronto contra Bakura: um dos Guardiões Sagrados chamado Mahad tinha um Ka na forma de um mago, então ele o uniu com seu Ba e virou um monstro por completo, assim poderia ajudar e estar com Atem para sempre. Esse monstro ficaria conhecido como Mago Negro.

Foi então que Aknadin fez uma jogada final. Como ele queria que seu filho, chamado Seto, se tornasse o novo faraó, Aknadin usou seu próprio poder para liberar um deus sombrio chamado Zorc. Para derrotá-lo, Atem teve que se sacrificar usando os Itens do Milênio para selar a si mesmo junto com Zorc no seu pingente. Assim todos os itens foram enterrados para sempre e ficaram perdidos até os dias atuais. Tudo isso foi apagado da história, assim ninguém mais mexeria com essas magias e nem colocaria o mundo em perigo.


No entanto, toda a magia insana seria liberada de novo quando jovem Yugi Mutou encontrou o Pingente do Milênio (que todos achavam ser um jogo antigo e chamaram de Enigma do Milênio). Após oito anos tentando, Yugi "resolveu" o enigma, libertando o espírito de Atem, que logo possuiu o corpo do jovem. Aqui a história muda um pouco do mangá original para a versão em anime, que foi suavizada a fim de se tornar mais vendável.

O Yugi possuído por Atem começou a sair por aí realizando Jogos das Sombras com os outros e com penalidades bem malucas. Ele fez um bully de sua escola ficar maluco achando que folhas e lixo eram dinheiro, fez um homem começar a ouvir as batidas do próprio coração cada vez mais altas só porque ele cantava mal no karaokê, e até botou fogo em um prisioneiro que fugiu da cadeia. Esses são só alguns exemplos dos muitos mostrados no mangá, E os jogos eram variados também, podiam ser apostas, dados, aquele jogo de bater a ponta da faca entre os dedos da mão, jogos em máquinas, etc., mostrando que Jogos das Sombras podem valer para quase qualquer coisa que envolva uma disputa.



A maior parte disso foi tirada do anime porque era sombrio demais ver Yugi praticamente torturando pessoas por aí. Além disso, onde estava o jogo de cartas? O mangá no começo nem focava nas cartas, era sobre jogos em geral mesmo, e isso mudou depois que o foco passou a ser mais comercial.

Eu acho que esse post já está bem grande, então vou resumir bem a próxima parte. Apesar de toda a magia ter sumido por milênios, algumas frações de história sobreviveram em inscrições de achados arqueológicos. Uma delas falava sobre os Duelos das Sombras, um tipo de Jogo das Sombras, exatamente aquele que colocava duas pessoas para lutar usando monstros. Quando Maximillion Pegasus foi ao Egito estudar sobre formas de pós-vida e ressurreição (para reviver seu amor de infância) ele descobriu a tumba dos Itens do Milênio (foi lá que conseguiu o Olho do Milênio) e aprendeu sobre os duelos. Obcecado por isso tudo, ele voltou para casa e usou sua empresa para criar e produzir os Monstros de Duelo, que parecia um jogo de cartas inocente, mas tinha toda a magia dos Itens do Milênio adaptadas ao mundo moderno. As antigas tábuas eram agora as cartas e os monstros poderiam duelar de novo!

Mais pra frente posso falar melhor sobre as pessoas que misturaram o Ka e o Ba e se tornaram monstros, como o Mago Negro e o Dragão Branco de Olhos Azuis. Também pretendo falar mais dos Itens do Milênio e das encarnações passadas dos personagens atuais. Aguardem!

Até a próxima postagem!


Um comentário:

  1. Muito bom!! Após 20 anos ainda tenho as cartas dos tempos de criança... A curiosidade de saber mais sobre algo marcante é simplesmente fascinante. Parabéns e obrigado, por reativar tais memórias

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