Fiz esse post lá na página do Instagram e rendeu algumas boas discussões, então resolvi trazer para cá. O tema é simples: o que torna o fim de Shingeki no Kyojin ruim? Separei alguns pontos importantes para esclarecer a minha opinião sobre isso:
Ideias boas, execução péssima
Várias ideias no final são boas e inevitáveis (tudo caminhava para aquilo mesmo), por isso há momentos memoráveis e eu entendo quem gostou. Porém para a maioria dos casos a execução é péssima e eu culpo duas coisas: a pressa e a falta de habilidade de Hajime Isayama para escrever algo que não seja mistério/terror.
Mistério vira furo de roteiro
Isayama deixou várias coisas em aberto quando se trata dos Caminhos e do poder dos titãs. Até aí tudo bem, nem tudo precisa ser explicado. Porém quando essas lacunas são usadas como elementos cruciais na história (como o contato com os antigos portadores), aparece o deus ex machina (evento que acontece sem preparação/razão) e a falta de explicação se torna furo de roteiro. E isso acontece muito.
A banalização do genocídio
Parece que Isayama quis construir uma dualidade entre Eldia e Marley, um cenário em que ninguém estava certo e que haveria debates sobre cada posicionamento. Só que ele não soube escrever isso. Passamos dezenas de capítulos acompanhando os personagens de Paradis e quando Marley é mostrada só ficamos com mais raiva deles. Para corrigir isso, Isayama fez Eren recorrer a medidas drásticas e de moral inquestionável (leia-se genocídio).
Isso fez com que muitos leitores ficassem do lado de Eren (se você faz parte desse lado, repense sua moral, sério). Com medo de ter colocado muito peso de um lado, começa a banalização das ações do Eren, como se o que ele fez fosse só uma decisão ruim. Com isso, Armin, a pessoa mais racional entre os protagonistas, solta a frase mais absurda da história dos mangás: “obrigado por se tornar um assassino em massa pelo nosso bem”.
O roteiro é ruim
Diante de tanta incoerência e furos de roteiro, o autor não conseguiu transmitir os sentimentos que provavelmente estavam em sua cabeça, então Isayama apelou para técnicas de roteiro dignas dos piores escritores. Os personagens começam a verbalizar ideias e sentimentos, as falas são bobas e expositivas e todos os personagens começam a agir fora de seus arcos em prol da história terminar.
A motivação do Eren
Não existe nada de errado com Eren se tornar um vilão (Death Note e Code Geass mostram como isso é possível), eu acho até corajoso essa desconstrução e o caminho até aqui. O problema é que as motivações dele não são bem definidas: ora ele fala em liberdade, ora em pôr fim ao ciclo do ódio, de repente ele está sendo manipulado por Ymir e em um momento ele diz com todas as palavras que não sabe o motivo daquilo que está fazendo.
E isso não parece coisa de um personagem em conflito. Parece que o autor não sabe o que está fazendo... ele criou um genocida, mas ficou com medo de deixá-lo 100% mal, então apelou para motivações tortas e explicações cheias de furos. Às vezes ele é um monstro, mas de repente age como humano (como ao chorar por Mikasa).
A despedida de Jean e Connie
Como parte dessa pressa, temos a despedida de Jean e Connie quando eles estão prestes a se transformarem em titãs. É uma cena bonita e aceitável, porém exatamente um capítulo depois a transformação é desfeita, arruinando qualquer impacto emocional da despedida. É um exemplo da falta de consequências, de como cenas boas são arruinadas pelo final apressado.
O Eren pombo
Eu sei que é uma piada a forma como as pessoas tratam o Eren pombo, mas eu encaro como o símbolo definitivo de tudo que é ruim nesse final: roteiro mal escrito, exposição demais, falta de pulso firme na hora de escolher se Eren era vilão ou não, simbolismo fraco, personagens traindo seus próprios arcos, pressa, falta de conclusões, etc..
Ah, e essa cena é horrorosa mesmo.
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Até a próxima postagem!