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quinta-feira, 15 de setembro de 2022

Os Demônios dos Medos Primordiais em Chainsaw Man

 Hoje eu quero comentar sobre um conceito apresentado em Chainsaw Man que foi pouco aproveitado até agora: os medos primordiais!


Os medos primordiais são coisas que causam temor na humanidade desde sempre e que estão praticamente enraizados na mente das pessoas, por isso são motivo de medo independente da época ou lugar. Graças a isso os demônios que derivam desses medos são absurdamente poderosos, talvez os mais poderosos que existem. São ainda mais poderosos porque conseguem se alimentar do medo de pessoas que sequer sabem da sua existência, afinal esses medos são inconscientes, a pessoa pode ter e nem sabe.

Fantasmas, bombas, katanas e semelhantes são conceitos que os humanos criaram depois de incontáveis anos de evolução, por isso jamais seriam considerados primordiais.

O único exemplo de medo primordial mostrado em Chainsaw Man até agora foi o Demônio Escuridão. É claro que a escuridão é um medo primordial porque os humanos são animais diurnos, nós não enxergamos no escuro e isso abre espaço para imaginar todo tipo de coisa ruim vivendo nas sombras. Não é à toa que o fogo foi uma das maiores invenções da humanidade, com ele poderíamos manter as cavernas e casas claras sem o risco de ser devorado por seja lá o que for que sairá do escuro. Até hoje temos medo de andar numa rua escura, os perigos mudaram (troque o tigre dentes de sabre por um assaltante), mas o escuro continua sendo o principal aspecto e fonte do medo.


Com base nisso podemos imaginar quais seriam os outros demônios e medos primordiais, afinal o mangá ainda não nos revelou mais.

Quero começar pelo desconhecido, que quase entra no domínio da escuridão, mas a escuridão tem aspectos a mais e o desconhecido pode ser aplicado até em situações além da realidade. Seres humanos são tão temerosos do desconhecido que a evolução transformou nosso corpo para preveni-la. A neurociência nos mostra que nossos cérebros são verdadeiras máquinas de procurar respostas: quando vemos uma sombra no escuro, já começamos a pensar o que pode ser aquilo, por exemplo. A necessidade de saber das coisas é até o motivo para termos criados os mitos, antes da ciência eram eles que "explicavam" como os vulcões entravam em erupção, de onde vinham os raios, etc. Ao invés de dizer "não sei", era mais fácil imaginar um velho barbudo em cima de uma nuvem jogando raios com as mãos. Por isso tudo eu acho que o medo do desconhecido é um dos mais enraizados nos nossos cérebros, mais que qualquer outro que eu vá listar aqui.

O próximo é a dor. A dor é um mecanismo importante do corpo, pois é ela quem nos alerta que alguma coisa pode estar nos machucando, ainda assim fazemos de tudo para evitá-la. Até quem sente prazer na dor faz isso em ambientes controlados, com confiança (eu duvido que um deles queira tomar um soco de graça na rua, por exemplo). Se extrapolarmos para dores emocionais, aí abrangemos vários outros medos comuns aos humanos, como abandono, solidão, perda, e por aí vai.

Esse é polêmico, mas acho válido levantar para discussão: deus (com maiúsculo ou minúsculo). Humanos criaram divindades desde a pré-História, temos muitas evidências disso. Mesmo com o crescimento do ateísmo e linhas de pensamento semelhantes hoje em dia, a maior parte das pessoas nasce em meios religiosos ou em países que têm na sua base alguma moral religiosa (o Brasil é um exemplo). A ideia de que é preciso obedecer normas dadas por um deus cresce na cabeça da pessoa desde pequena e molda seu caráter, torna-se inconsciente como os medos que estamos lidando aqui.

(Viemos numa sequência de medos com D, que curioso. E nem foi planejado!)

Para finalizar, um que eu dou certeza que é um medo primordial: a morte. A morte é quase uma junção de todos os medos que listei até agora: não sabemos quando chega, ela te leva para uma escuridão eterna, o destino é desconhecido, você deixa para trás (ou perde, se a morte é de outro) pessoas que ama, é um fim muito triste e que pode até ser fisicamente doloroso. E há um ponto mais amedrontador ainda: não importa o que você faça, quão bom ou poderoso você seja, ela vai chegar.

Já vi várias discussões estipulando mais demônios, mas separei esses porque acredito que todos os outros podem recair neles. Medo de pecado? Cai em deus. Medo de fogo, armas, guerra... recai em morte ou dor. E por aí vai.

E aí, quais são os seus palpites?


Até a próxima postagem!

4 comentários:

  1. Texto muito bem escrito e coeso! Parabéns!

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  2. Cara, que texto bem escrito.
    Nunca tinha pensado no medo de deus e acho que seria incrível encaixar isso na história. Mas será que ele não se enquadra como o medo do desconhecido também? É algo que não há evidências que existe, um ser superior e criador de tudo que vai te castigar. O que podemos esperar dele depois da morte? E, diferente do que você disse acima, a morte poderia encaixar muito bem também no desconhecido e não o contrário. Parando pra pensar, talvez todas as coisas acabam se conectando no desconhecido já que ninguém sabe o que há nele, certo? E a morte? O que vem depois dela? Quem é deus e por que ele nos criou e vai possivelmente nos castigar?

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    1. Concordo com esse ponto de que tudo acaba recaindo no medo do desconhecido, os outros têm apenas alguns adicionais pra diferenciar (como o medo de abandonar entes queridos ou de sofrer em vida), mas no fim sempre recaem na mesma coisa.

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