Eiichiro Oda tem a tradição de inserir referências à culturas e países nas nações do mundo de One Piece, como a Espanha em Dressrosa e o Egito em Alabasta. Atualmente, no mangá, é a vez de Wano. Nessa postagem vou mostrar as referências à cultura japonesa que vimos até agora, e elas são muitas!
Uma das primeiras impressões que tivemos de Wano veio das águas próximas ao país. Aquilo logo me chamou a atenção, porque eu conhecia de onde vieram. Existe um estilo de pintura chamado xilogravura, baseado em entalhar e pintar uma placa de madeira e depois aplicar ela em uma tela como se fosse um carimbo. Um dos gêneros de xilogravura é chamado de ukiyo-e, que comumente retrata paisagens, pessoas, paisagens e lendas. É tão popular no Japão que é chamado simplesmente de "estampa japonesa". E as ondas que Eiichiro Oda desenhou em One Piece são a referência mais direta possível, já que são idênticas às ondas desenhadas pelo artista Katsushika Hokusai em uma das xilogravuras mais famosas (e que talvez você já tenha visto em algum lugar), batizada "A Grande Onda de Kanagawa". A comparação está aí do lado, mas só da parte igual, recomendo ver a pintura inteira, ela é bem bonita. Curiosidade: um dos trabalhos de Hokusai é considerado o primeiro mangá da história.
As referências à ukiyo-e não acabam aqui. Talvez o visual da Tsuru tenha te causado estranheza no começo, mas saiba que o estilo de desenho dela é baseado no dessas xilogravuras. Coloquei ao lado a comparação com a obra Duas Belezas com bambu, de Kitagawa Utamaro. Ele era especialista em fazer bijin-ga, que são xilogravuras com o objetivo de retratar a beleza feminina. Pintava muitas gueixas, mulheres amamentando, se maquiando ou tocando instrumentos e seu estilo é idêntico ao que Oda usou em Tsuru.
Momotaro. Hasegawa Takejirou, 1886. |
Seus poderes fazem referência a duas histórias famosas. A primeira é a de Momotaro, que já inspirou Oda em diversas vezes. Nessa história, o protagonista Momotaro usa docinhos chamados dango para alimentar e ganhar a amizade de três animais: um macaco, um faisão e um cachorro. Essa lenda, e esses três animais, inspiraram Oda nos nomes dos almirantes (Kizaru significa "macaco amarelo", Aokiji significa "faisão azul" e Akainu, "cachorro vermelho).
A outra é uma chamada Kobutori Jisan, sobre um velho senhor que tinha um nódulo na bochecha, e ele encontra ogros que removem esse caroço da mesma forma que Tama remove as bolinhas. Depois o velho fica amigo desses ogros.
Um dos bichos que Tama transforma em aliado no começo é Komachiyo, que é um komainu. Aqui entraremos na complexa organização de um templo xintoísta (o xintoísmo é a principal religião do Japão). Um templo xintoísta não é simplesmente uma construção, ele é um espaço bem grande que possui várias estruturas dentro, como pequenos templos, salões de oração, fontes para purificação e outras. Cada um desses grandes templos possui um honden, que é o salão principal onde fica guardado o objeto que representa a divindade daquele lugar. Somente sacerdotes entram nesse salão. Na frente dos portões desses honden (e às vezes no salão de orações também) há um parte de estátuas representando criaturas que parecem a mistura de leão com cachorro. Eles servem para proteger o templo e manter afastados os espíritos malignos.
Os chineses possuem estátuas bem parecidas em sua cultura e os komainu aparecem até entra os budistas, inclusive em seus templos. Existe uma popularização tão grande que as pessoas até compram algumas dessas estátuas para ter em casa.
Outra estrutura comum em templos e que One Piece exibiu com clareza é o torii. Eles servem para indicar o caminho até algum santuário, ou de fato mostrar a entrada do templo. Como o Japão tem uma enxurrada de templos, você pode encontrar torii por todos os lados. E, é claro, tem também a popularização, que faz as pessoas usarem eles sem saberem o real significado.
A outra é uma chamada Kobutori Jisan, sobre um velho senhor que tinha um nódulo na bochecha, e ele encontra ogros que removem esse caroço da mesma forma que Tama remove as bolinhas. Depois o velho fica amigo desses ogros.
Um dos bichos que Tama transforma em aliado no começo é Komachiyo, que é um komainu. Aqui entraremos na complexa organização de um templo xintoísta (o xintoísmo é a principal religião do Japão). Um templo xintoísta não é simplesmente uma construção, ele é um espaço bem grande que possui várias estruturas dentro, como pequenos templos, salões de oração, fontes para purificação e outras. Cada um desses grandes templos possui um honden, que é o salão principal onde fica guardado o objeto que representa a divindade daquele lugar. Somente sacerdotes entram nesse salão. Na frente dos portões desses honden (e às vezes no salão de orações também) há um parte de estátuas representando criaturas que parecem a mistura de leão com cachorro. Eles servem para proteger o templo e manter afastados os espíritos malignos.
Os chineses possuem estátuas bem parecidas em sua cultura e os komainu aparecem até entra os budistas, inclusive em seus templos. Existe uma popularização tão grande que as pessoas até compram algumas dessas estátuas para ter em casa.
Outra estrutura comum em templos e que One Piece exibiu com clareza é o torii. Eles servem para indicar o caminho até algum santuário, ou de fato mostrar a entrada do templo. Como o Japão tem uma enxurrada de templos, você pode encontrar torii por todos os lados. E, é claro, tem também a popularização, que faz as pessoas usarem eles sem saberem o real significado.
O personagem Tenguyama Hitetsu entrega em sua aparência e até no nome no que foi inspirado: no tengu. São criaturas sobrenaturais que parecem a mistura de humanos com pássaros, com mais características humanas. Uma das coisas que mais chamam a atenção é o nariz gigante e pontudo, além da pele vermelha. Alguns eram retratados com bicos, mas essa representação é menos comum. As asas estão sempre presentes. E Tenguyama tem tudo isso, mesmo que sejam postiços, parte de sua vestimenta.
É óbvio que teríamos a presença do sumô, afinal o esporte é bem popular no Japão. Bem mais que uma luta, é também um ritual cheio de tradição que já dura séculos. O objetivo do combate é tirar o adversário do ringue (erguendo-o ou empurrando-o para fora da borda circular) ou derrubá-lo (na verdade, já perde aquele que encostar no chão qualquer parte do corpo que não seja a sola dos pés). O nível mais alto que um lutador de sumô pode chegar é o yokozuna, que é reconhecido oficialmente pela associação do esporte. Urashima, que luta sumô em Wano, é um yokozuna. Esse também era o nome do sapo guerreiro lá no arco de Water 7.
Algumas pessoas podem ter deixado essa passar, porém eu, como fã de Naruto, não deixei. Lembram que, em Naruto, o Jiraiya usava uma técnica com óleo de sapo? E em One Piece vimos que Usopp se disfarçou como vendedor desse material. Mas o que diabos é óleo de sapo? Eu tinha pesquisado um tempão atrás por causa do Jiraiya. Chamado lá de gama no abura, o óleo de sapo vem dos gama (uma espécie de sapo do gênero Bufo), que acredita-se ter propriedades mágicas, principalmente pelo veneno que esses sapos têm que mantém os predadores longe. O sapo é colocado em um pote de barro, que vai fogo, e quando aquecido ele começa a liberar o óleo. É um produto vendido como tendo propriedades de cura, sendo mais comum em lugares rurais.
Nas
traduções para idiomas que não sejam o japonês uma característica da
personagem Kiku (ou O-Kiku). As notas de rodapé até descrevem, mas ainda
fica esquisito. Kiku quando vai dizer algo de si mesma ela usa a
palavra "sessha", um pronome que significa simplesmente "eu". A
questão é sobre o significado tradicional por trás da palavra. Ela é
antiga, usada no Japão Feudal apenas por... samurais! Por isso Zoro acha
estranho quando ela usa essa palavra. Depois temos a revelação de que
Kiku realmente é uma samurai, o que justifica o uso da palavra. E por falar nisso...
Por fim, mas não menos relevante, a cultura samurai. Ela já esteve presente em vários aspectos durante todo o decorrer da história de One Piece e é óbvio que uma aventura com temática oriental não deixaria de focar nisso. Samurais eram soldados especiais que seguiam um código de honra bem restrito chamado bushido e trabalhavam para senhores feudais e lordes donos de terras. Eles eram bem respeitados e honrados por conta da disciplina e do posto que ocupavam. Inclusive essa honra era muito importante e se ela fosse violada de alguma forma, como por exemplo se o samurai deixasse seu senhor morrer, era preciso realizar o seppuku como forma de limpar a desonra. O seppuku, ou harakiri, é um suicídio ritualístico onde o samurai usa sua espada para abrir um rasgo horizontal no próprio abdômen. Caso o samurai não tenha um senhor (seja lá qual for o motivo) ou simplesmente viva vagando sem mestre, ele é chamado de ronin. Zoro passou por quase todos esses estágios em seu tempo disfarçado em Wano.
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Conforme mais referências aparecerem eu vou atualizando!
Até a próxima postagem!
Excelente postagem! Muito interessante as semelhanças apontadas.
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