Caso lhe interesse saber, o jogo foi desenvolvido pela Irrational Games e pela 2K Games, está disponível para PlayStation 3, Xbox 360, OS X e PCs Windows.
No quesito dos videogames eu sou bem saudosista, se você me perguntar quais são os melhores jogos de todos os tempos eu irei lhes dizer vários títulos do PSOne, Nintendinho... no máximo PlayStation 2. Sabe, são aqueles jogos que nos marcam, porque fizeram parte da nossa infância.
Poucos títulos das novas gerações me agradam como os antigos, entre eles posso citar a série Assassin's Creed, o Injustice, e ,é claro, a série Bioshock. Esses dois primeiros deixarei para falar em outra ocasião, estou aqui para citar a obra que fez meus olhos brilharem...
Quando comecei o Infinite eu já tinha ideia de como o jogo funcionava, já conhecia o primeiro Bioshock (muito bom também, inclusive). Mas tive algumas pequenas surpresas, como as novas armas e os novos poderes. Você ganha logo no começo um gancho usado para atacar, mas que é mais útil para usar o sistema de trilhos que passam por todo o cenário e que é muito útil para mover-se rapidamente. Há também as armas comuns, como pistolas e metralhadoras e armas melhoradas tecnologicamente. Nos dois primeiros jogos de Bioshock tínhamos os Plasmids para dar poderes, mas em Infinite temos os Vigores, que funcionam do mesmo modo. Eles requerem sais para continuar funcionando.
Primeiro, uma pequena sinopse. A história começa em 1912, quando Booker DeWitt, um sujeito desmotivado e alcóolatra, é enviado a uma cidade flutuante chamada Columbia por um casal com a missão de resgatar uma moça, em troca disso ele teria suas imensas dívidas quitadas. Em Columbia ele encontra várias pessoas vivendo alegremente, em uma mistura de tecnologia futurística com adoração ao clássico antigo. Tudo corria bem até alguém identificar uma marca na mão de Booker, a mesma marca de uma profecia sobre um falso profeta que destruiria Columbia. A partir daí, caçado por todos, Booker deve concluir sua missão.
Posso citar muitos motivos pelo qual esse jogo tornou-se um dos meus favoritos e, com opinião a parte, um dos melhores já produzidos.
Bioshock Infinite tem um universo muito amplo e ricamente detalhado. Diferente de Rapture (dos primeiros jogos), onde você anda por dentro do tubos e só olha o mundo a sua volta pelas janelas, em Columbia você consegue ver muitos prédios, balões dirigíveis, o sistema de trilhos e pessoas vivendo em aparente paz e tranquilidade.
Mesmo que Columbia tenha sido construída para recriar um mundo perfeito cheio do patriotismo dos Estados Unidos, muitas questões sociais estão evidentes e o jogo trata de jogá-las na cara do espectador. O racismo, muito comum nos primeiros anos da nação americana, o sexismo e até debates religiosos.
Esse lado político dos jogos também me cativa, principalmente porque enriquece o conteúdo. Isso fica por conta de uma guerra civil prestes a ser iniciada em Columbia. De um lado estão os Fundadores, que carregam todos aqueles preconceitos que citei. São brancos, protestantes e nacionalistas que querem na cidade apenas aqueles que atendem a esses três quesitos. Seu líder é Zachary Comstock, o fundador de Columbia.
Do outro lado está a Vox Populi. O nome vem do latim e significa "voz do povo", exatamente por se tratar da força popular da cidade. São os pobres, negros, mulheres oprimidas e todos aqueles que vão contra a segregação sócio-racial imposta pelos Fundadores. Mas esse grupo ainda esconde um segredo comprometedor.
Temos também elementos clássicos da série como os adversários monstruosos, alguns rápidos, outros gigantes. Um toque de terror apimenta o jogo, com partes sombrias e tensas e um pouco de dilaceração de corpos.
Mas o ponto que mais que cativou foi a história. Hoje em dia é difícil fazer algo original, parece que tudo já foi criado, mas Infinite conseguiu chegar o mais próximo possível de algo completamente novo. E que roteiro! Ken Levine (roteirista, designer e diretor) merece todos os prêmios do mundo!
Quando jogo acabou eu passei um bom tempo raciocinando sobre a história para entender como as coisas se encaixavam. Há muito tempo eu não via um jogo assim, com história. Ao meu ver, os jogos foram simplificados demais para cair no gosto de todos e perderam a magia que eu pessoalmente gostava muito, que era a complexidade da história.
Sou o tipo de pessoa que anota todo tipo de informação que recebe e tenho ideias criativas subitamente. Por isso um dos meus costumes mais peculiares é espalhar cadernos e canetas pela casa, tem pelo menos um kit em cada cômodo. Quando terminei o jogo eu voei sobre um desses cadernos e comecei a montar esquemas para entendê-lo.
Um personagem desequilibrado, conflitos sociais, políticos, uma guerra civil, uma missão. Tudo isso pode enbananar a cabeça de qualquer um em certo ponto. Lutar contra um George Washington robô, soldados e ainda entender a história pode ser complicado, mas tem mais. O que é que mais confunde nossas cabeças? Viagens por dimensões.
Quase esqueci de falar da joia preciosa desse jogo: a querida Elizabeth, revelada como filha de Zachary e sucessora no comando de Columbia. Se você já jogou Resident Evil 4 sabe o quão chato nos jogos é ter uma personagem a quem você deve proteger a todo tempo, senão sua missão falha. Mas aqui é diferente! Elizabeth não é só autosuficiente e independente como também é a sua melhor ajuda. Ela não luta, mas joga munição pra você sempre que a sua está baixa, joga recargas de saúde e destranca portas secretas. Ah, ela é a moça que você deve resgatar. Mas assim que você a encontra o jogo já lhe avisa que você não deve se preocupar com ela. Não sabem como eu fiquei feliz em ver isso. E tem mais, Elizabeth é tão fofa! Apenas veja:
Voltando ao assunto, Elizabeth tem o poder de abrir fendas no espaço-tempo, levando Booker a outros lugares de Columbia ou até mostrando a ele realidades alternativas e o possível futuro. É aí que a história ganha seu trunfo.
Além de Booker e Elizabeth há outros personagens cativantes, como o pássaro robótico Songbird, um tipo de protetor para Elizabeth, mas um terror para Booker.
Se você não entendeu a história, eu vou explicá-la. Cuidado, aqui tem spoilers!
O segredo está nos universos paralelos. Durante o jogo descobrimos dois métodos de viajar pelos universos: a máquina do casal Lutece (o mesmo que leva Booker a Columbia) e pelos poderes de Elizabeth. Apesar de chamá-los de casal, eles são citados apenas como "irmãos gêmeos" e seus nomes são Rosalind e Robert.
No passado, Booker era um Pinkerton (membro de uma organização de investigação fundada em 1850 nos Estados Unidos) e como membro do 7º Regimento da Cavalaria ele fez parte do massacre de Wounded Knee, que dizimou centenas de nativos americanos. A agência e o massacre são reais, e a participação fictícia de Booker não é segredo pra ninguém que jogou, isso fica bem claro. Mas as coisas complicam e quase tudo é revelado no final do jogo, de uma vez só com um longo filme.
Logo depois do massacre, amargurado e arrependido pelo que fez, Booker procura conforto numa religião. É aí que as coisas mudam. Em um universo (vou chamar de universo A, para facilitar) Booker aceita o batismo e se converte. Porém, em outra realidade (universo B), Booker recusa o batismo.
Zachary Comstock |
Booker DeWitt |
Já no universo B, Booker continua o Booker. Ele busca o álcool para apagar suas memórias, tornando-se um bêbado que com o passar do tempo vai afundando em dívidas e mais dívidas. Como última solução para resolver parte de seus problemas financeiros ele resolve vender sua única filha, Anna DeWitt, que ainda é um bebê para um misterioso casal que bate em sua porta com a proposta de comprá-la.
Voltando ao universo A, Zachary usa a máquina e consegue prever sua própria morte e teme em deixar Columbia nas mãos de qualquer um que não seja um descendente legítimo seu. Como não pode mais ter filhos, ele resolve visitar outra dimensão onde ele tenha algum descendente, e manda o casal Lutece para pegar algum deles. No universo B, o casal compra um bebê de outra versão de Booker. Agora as coisas se uniram.
O Booker do universo B se arrepende imediatamente de vender sua filha e corre para resgatá-la, mas chega tarde demais e presencia o casal entregando Anna a Zachary em uma fenda dimensional. A fenda se fecha antes que Booker a pegue, e a mesma fenda ainda decepa um dedo mindinho da menina.
Você já deve estar entendendo. Quem tem um dedo decepado? Está visível em uma das imagens que postei e fica muito claro no decorrer do jogo. Elizabeth! Anna é Elizabeth! Mas ela só recebe esse nome no universo A, onde é filha e herdeira de Zachary.
Mas os Lutece se arrependeram do que fizeram ao ver pela máquina que Elizabeth seria uma tirana e seguiria o plano de seu pai de invadir Nova York usando Columbia e seus balões como máquinas de guerra. É aí que o casal recruta o Booker do universo B para resgatar Elizabeth e trazê-la de volta ao seu universo de origem.
A marca na mão de Booker foi feita por ele mesmo e são as iniciais de sua filha que ele se arrependeu de vender. Zachary também previu que Booker viria buscar Anna/Elizabeth, por isso espalhou os cartazes de "falso profeta" com a marca.
Conseguiram entender até aqui? Eu demorei um pouco, mas foi isso que entendi.
Tem mais. Lembram-se de um dos primeiros momentos em Columbia, quando o Booker (jogador) encontra um casal que pede para ele jogar cara ou coroa. Você joga e cai cara, então o homem marca o 123º cara em uma lousa. Isso significa que 122 Bookers já foram chamados pelo casal e jogaram o cara ou coroa, e como deu o mesmo resultado sempre percebemos que eles estão resetando toda vez, indicando que todos eles falharam. O 123º Booker, você jogador, é aquele que consegue cumprir a missão.
No fim, vemos que Elizabeth não é tão má e resolve acabar com tudo. A melhor solução é eliminar o mau pela raiz, destruindo onde as linhas do tempo se dividiram, ou seja, a parte-chave de tudo: o batismo de Booker. Elizabeth e Booker viajam juntos por vários universos e dimensões onde veem Booker se dirigir ao farol (marca clássica da série) que o levava a Columbia. Sem que Booker soubesse que ele mesmo era o vilão ele ouve os planos de Elizabeth de matar Comstock, inclusive Booker incita a matá-lo ainda no berço para evitar que a história dele fosse feita. É engraçado como vamos descobrindo tudo junto com Booker.
É então que Booker vê várias Elizabeths de vários universos vindo em sua direção recitando a ordem de matar Comstock, então todos voltam ao momento do batismo de infância e elas afogam Booker na água, enquanto ele tenta compreender o que está acontecendo (junto com o espectador). Com ele morto, todas as realidades em que Booker, Zachary, Elizabeth e tudo de Columbia habitavam deixaram de existir, pelo menos é isso que dá a entender.
E termino esta postagem com o diálogo que inicia o jogo:
Elizabeth: Booker, você tem medo de Deus?
Booker: Não, mas eu tenho medo de você...
Esse roteiro fantástico, cenários detalhados, personagens cativantes, jogabilidade leve que mistura FPS com fantasia, e tudo mais... tudo isso tornou Bioshock Infinite um dos tops da minha lista de jogos favoritos. E você, já teve a oportunidade de jogar essa obra-prima? O que achou? Comente sua experiência!
Fique agora com esse Wallpaper de Bioshock Infinite, que por sinal é o plano de fundo do meu computador!
Ah, você gostaria de ver aquelas fichas que estou fazendo por aqui só que com personagens de Bioshock?
Até a próxima postagem!
Peraí o Booker morre no final ou é o Comstock que morre afogado? Explica direito que eu acabei bugando aqui.
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